O
coronel Hudson Kane, que também é psiquiatra, é enviado a uma macabra mansão –
transformada em sanatório – para onde são destinados militares que,
aparentemente, enlouqueceram. Ao tentar descobrir se tal loucura é real, ou se
não passa de uma bem orquestrada farsa, Kane irá se deparar com seus próprios
demônios internos: dúvidas, incerteza e questionamentos a respeito de sua
própria fé.
Deve-se dizer, desde o início, que esta obra
é consideravelmente menos pretenciosa que O Exorcista. A história está mais para um conto, e poderia fazer parte de um
livro com outras três ou quatro com a mesma temática. A problemática é
objetiva; os personagens, embora não sejam escassos, são simples em seu
desenvolvimento – a exceção dos três principais. O próprio cenário é, até certo
ponto, clichê: enquanto o clássico de 1971 nos apresenta a famigerada escadaria da Rua M, este livro nos apresenta
um castelo de arquitetura medieval, com ares macabros (um ambiente mais do que
batido nesse tipo de literatura).
Os personagens Hudson Kane (o coronel
psiquiatra que chega ao sanatório), o coronel Fell (psiquiatra que já estava
acompanhando os internos do lugar) e o interno Cutshaw (um ex-astronauta) são
os que possuem maior profundidade narrativa. Kane e Cutshaw possuem diálogos
realmente marcantes, envolvendo temas como religião, amor e verdade. Fell,
embora tedioso no início da trama, assume um papel fundamental no decorrer da mesma,
tornando-se um personagem com várias camadas.
A princípio a narrativa, embora de fácil
leitura, é arrastada e pouco empolgante. A partir do momento, porém, em que já
estamos apresentados aos personagens, o mistério começa a fluir e a história
nos prende a cada página. Quando chegamos ao terceiro ato do livro, somos surpreendidos pelos rumos que a
história toma. O final é sensacional! Pequeno
spoiler: um leitor mais atento (e cinéfilo) certamente vai notar certa
semelhança com o filme A Ilha do Medo (Martin Scorcese, 2010).
A
Nona Configuração é um bom livro, que prende a atenção do
leitor (principalmente a partir da segunda metade), desenvolve bem o mistério
da trama e cria alguns personagens intrigantes. Todavia, não é tão empolgante
quanto o trabalho mais famoso de seu autor e se torna, por assim dizer,
esquecível. Podemos concluir, assim, que O Exorcista é um livro insuperável, até mesmo para o seu autor.
Nota: ✩✩✩✩
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