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26 de dezembro de 2016

[CRÍTICA] A Nona Configuração (William Peter Blatty, 1978)


Depois do estrondoso sucesso de O Exorcista, William Peter Blatty brinda o público leitor com um novo livro de mistério: A Nona Configuração (William Peter Blatty, 1978). Tão profundo e tenebroso quanto o grande clássico de terror do autor? Certamente não; ainda assim, esta é uma boa obra que merece ser lida e apreciada.

O coronel Hudson Kane, que também é psiquiatra, é enviado a uma macabra mansão – transformada em sanatório – para onde são destinados militares que, aparentemente, enlouqueceram. Ao tentar descobrir se tal loucura é real, ou se não passa de uma bem orquestrada farsa, Kane irá se deparar com seus próprios demônios internos: dúvidas, incerteza e questionamentos a respeito de sua própria fé.

Deve-se dizer, desde o início, que esta obra é consideravelmente menos pretenciosa que O Exorcista. A história está mais para um conto, e poderia fazer parte de um livro com outras três ou quatro com a mesma temática. A problemática é objetiva; os personagens, embora não sejam escassos, são simples em seu desenvolvimento – a exceção dos três principais. O próprio cenário é, até certo ponto, clichê: enquanto o clássico de 1971 nos apresenta a famigerada escadaria da Rua M, este livro nos apresenta um castelo de arquitetura medieval, com ares macabros (um ambiente mais do que batido nesse tipo de literatura).

Os personagens Hudson Kane (o coronel psiquiatra que chega ao sanatório), o coronel Fell (psiquiatra que já estava acompanhando os internos do lugar) e o interno Cutshaw (um ex-astronauta) são os que possuem maior profundidade narrativa. Kane e Cutshaw possuem diálogos realmente marcantes, envolvendo temas como religião, amor e verdade. Fell, embora tedioso no início da trama, assume um papel fundamental no decorrer da mesma, tornando-se um personagem com várias camadas.



A princípio a narrativa, embora de fácil leitura, é arrastada e pouco empolgante. A partir do momento, porém, em que já estamos apresentados aos personagens, o mistério começa a fluir e a história nos prende a cada página. Quando chegamos ao terceiro ato do livro, somos surpreendidos pelos rumos que a história toma. O final é sensacional! Pequeno spoiler: um leitor mais atento (e cinéfilo) certamente vai notar certa semelhança com o filme A Ilha do Medo (Martin Scorcese, 2010).

A Nona Configuração é um bom livro, que prende a atenção do leitor (principalmente a partir da segunda metade), desenvolve bem o mistério da trama e cria alguns personagens intrigantes. Todavia, não é tão empolgante quanto o trabalho mais famoso de seu autor e se torna, por assim dizer, esquecível. Podemos concluir, assim, que O Exorcista é um livro insuperável, até mesmo para o seu autor.


Nota: ✩✩✩✩

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