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17 de dezembro de 2016

[CRÍTICA] Cidades de Papel (John Green, 2008)


JohnGreen achou o caminho do sucesso, aparentemente: escrever histórias batidas sobre adolescentes com problemas em encontrar amigos e que sonham com um amor impossível. Foi assim em seu primeiro livro, foi assim no segundo. Agora, neste Cidades de Papel (John Green, 2008), a história se repete: o autor lança mão de sua segura fórmula de sucesso para nos presentear com uma história bonitinha, mas sem nada de original.

Quentin, um garoto com uma pacata vida social, está prestes a se formar; tudo parece caminhar calmamente para sua formatura. Entretanto, o repentino sumiço de sua amiga Margo o levará a embarcar em uma aventura de investigação, dedução e buscas, e que fará com que ele e seus amigos descubram a si próprios.

John Green é famoso pela recorrência em seus temas, então vou usar um recurso narrativo que lhe é característico para apontar a pouca originalidade de mais este roteiro: 1) o personagem principal é um garoto nerd pouco sociável que 2) tem amigos que também são pouco sociáveis; esse protagonista acaba por se apaixonar pela 3) garota popular que, por sua vez 4) namora um valentão bad boy. Nada de novo aqui – basta ler outras obras do autor, como Quem évocê, Alasca? e O Teorema Katherine.

Os personagens, embora não sejam nada originais, possuem uma boa construção, especialmente o trio de amigos principais – Quentin, Ben e Radar. Os secundários acabam tendo um desenvolvimento menor, mas nada que comprometa a história. A grande decepção para mim, porém, é a pouca presença da personagem que motiva a trama: Margo Roth Spiegelman. Ela aparece pouco, embora seus momentos de ação sejam o que há de melhor no livro. A trama gira, portanto, em torno da lembrança de seus atos e de conjecturas a respeito do que ela possa ter feito.

O livro é dividido em três partes principais. Ele se inicia com uma parte de aventura (muito boa, por sinal); depois, segue com uma sequência de investigação, se encerrando em uma espécie de road trip. A primeira parte (uma série de “travessuras” dos dois personagens principais) é excelente: divertida, dinâmica, empolgante. A terceira, em que eles percorrem uma boa distância de carro em menos de 24 horas, embora bem construída, acaba sendo repetitiva – afinal, não há muito que se fazer dentro de uma minivan. O que derruba a narrativa, porém, é a segunda parte do livro. O grupo de amigos tenta desvendar o mistério envolvendo Margo; o que o autor consegue fornecer, porém, é uma sequência chata, enfadonha, repleta de divagações do personagem Quentin e de empreitadas que se mostram inúteis e em nada contribuem para a trama.

Embora possua suas qualidades e tenha algum valor de entretenimento, Cidades de Papel é um livro pouco original, que “requenta” fórmulas já batidas do autor e se torna repetitivo em muitos momentos. A narrativa não chega a empolgar, e momentos realmente enfadonhos empacam a leitura de determinados trechos. John Green encontrou a fórmula para o sucesso; a repetição de seus temas favoritos, porém, não significa necessariamente qualidade. Neste caso, parece significar exatamente o oposto.


Nota: ✩✩✩

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