JohnGreen achou o caminho do
sucesso, aparentemente: escrever histórias batidas sobre adolescentes com
problemas em encontrar amigos e que sonham com um amor impossível. Foi assim em
seu primeiro livro, foi assim no segundo. Agora, neste Cidades
de Papel (John Green, 2008), a história se repete: o autor lança mão de sua
segura fórmula de sucesso para nos presentear com uma história bonitinha, mas
sem nada de original.
Quentin,
um garoto com uma pacata vida social, está prestes a se formar; tudo parece
caminhar calmamente para sua formatura. Entretanto, o repentino sumiço de sua
amiga Margo o levará a embarcar em uma aventura de investigação, dedução e
buscas, e que fará com que ele e seus amigos descubram a si próprios.
John
Green é famoso pela recorrência em seus temas, então vou usar um recurso
narrativo que lhe é característico para apontar a pouca originalidade de mais
este roteiro: 1) o personagem principal é um garoto nerd pouco sociável
que 2) tem amigos que também são pouco sociáveis; esse protagonista acaba por
se apaixonar pela 3) garota popular que, por sua vez 4) namora um valentão bad
boy. Nada de novo aqui – basta ler outras obras do autor, como Quem évocê, Alasca? e O Teorema Katherine.
Os
personagens, embora não sejam nada originais, possuem uma boa construção,
especialmente o trio de amigos principais – Quentin, Ben e Radar. Os
secundários acabam tendo um desenvolvimento menor, mas nada que comprometa a história.
A grande decepção para mim, porém, é a pouca presença da personagem que motiva
a trama: Margo Roth Spiegelman. Ela aparece pouco, embora seus momentos de ação
sejam o que há de melhor no livro. A trama gira, portanto, em torno da lembrança
de seus atos e de conjecturas a respeito do que ela possa ter feito.
O livro é
dividido em três partes principais. Ele se inicia com uma parte de aventura (muito
boa, por sinal); depois, segue com uma sequência de investigação, se encerrando
em uma espécie de road trip. A primeira parte (uma série de “travessuras”
dos dois personagens principais) é excelente: divertida, dinâmica, empolgante.
A terceira, em que eles percorrem uma boa distância de carro em menos de 24
horas, embora bem construída, acaba sendo repetitiva – afinal, não há muito que
se fazer dentro de uma minivan. O que derruba a narrativa, porém, é a
segunda parte do livro. O grupo de amigos tenta desvendar o mistério envolvendo
Margo; o que o autor consegue fornecer, porém, é uma sequência chata,
enfadonha, repleta de divagações do personagem Quentin e de empreitadas que se
mostram inúteis e em nada contribuem para a trama.
Embora possua
suas qualidades e tenha algum valor de entretenimento, Cidades de Papel
é um livro pouco original, que “requenta” fórmulas já batidas do autor e se
torna repetitivo em muitos momentos. A narrativa não chega a empolgar, e
momentos realmente enfadonhos empacam a leitura de determinados trechos. John
Green encontrou a fórmula para o sucesso; a repetição de seus temas favoritos,
porém, não significa necessariamente qualidade. Neste caso, parece
significar exatamente o oposto.
Nota: ✩✩✩
Humm... Vi o filme !
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