Escrever um bom livro é algo que a maior
parte dos autores não consegue fazer. Criar um clássico da literatura é uma
tarefa para um número ainda mais restrito de escritores. São realmente poucos
os que conseguem fazê-lo. O desafio supremo, porém, é um criar um clássico que
seja ao mesmo tempo profundo e simples. Fazer valer a máxima do menos é mais. E aqui temos a obra que
atinge a perfeição nesse aspecto: O
Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Exupéry, 1943).
O
Príncipe é um menino que vive no asteroide B-612, cultivando uma rosa e revolvendo
seus pequenos vulcões. Decidido a conhecer o universo, ele “pega carona” em um
cometa, alcançando novos planetas. Assim, ele tem a oportunidade de aprender
importantes lições sobre o amor, a amizade e sobre como, conforme crescemos,
deixamos de enxergar o essencial para nos ocuparmos do supérfluo. O cativante
príncipe, ao longo de sua jornada, acaba por nos levar a refletir profundamente
sobre nós mesmos.
Quando fiz minha crítica sobre o livro O menino no espelho (Fernando Sabino,
1982), disse que aquele livro era uma de minhas paixões literárias da infância.
O Pequeno Príncipe, por sua vez, é
minha maior paixão literária, não só da infância, mas também de toda minha
vida. Não é por acaso, portanto, que esse é o livro que mais vezes li, em épocas
diferentes da minha vida (desde a infância até recentemente, já adulto). E, a
cada vez que eu lia a obra, mais eu me apaixonava, e mais ela se revelava. Para
cada fase da vida, o livro nos diz algo diferente, novo, e que nos marca de uma
maneira única.
O
Essencial é invisível aos olhos. Os personagens do livro
são fantásticos: a rosa, a terna raposa, os estereótipos humanos, a serpente...
todos eles nos falam de alguma forma. Seja no homem viciado em trabalho, no rei
cujas vestes ocupam todo o seu reino, ou no homem ganancioso que quer mais e
mais estrelas – apenas para poder comprar ainda mais estrelas – nós acabamos nos
enxergando, de alguma forma. E é sob o olhar inocente do Príncipe – o principal
personagem, e possivelmente um dos mais cativantes da literatura mundial – que fica
claro para todos que os hábitos “adultos”, em geral, não fazem muito sentido.
Tu
te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. A
narrativa da obra é fluída e simples, e se fantasia de infantil. Claro que o autor queria, assim, nos pegar desprevenidos –
tão logo saboreamos algumas páginas do livro, fica claro de que Saint-Exupéry
está falando para todos os públicos. Somos pegos de surpresa: o livro tira
todos os disfarces e nos coloca frente a frente com a simplicidade do
verdadeiro amor, às vezes perdido nas preocupações do dia-a-dia, e do qual
tantas vezes tentamos fugir.
É
preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. O
livro possui mensagens importantes em frases simples, e que hoje estão mais que
popularizadas na nossa cultura. Como quando lemos que não podemos cativar
alguém para depois abandoná-lo; que precisamos suportar as dificuldades
momentâneas para alcançarmos a felicidade duradoura; e que aquilo que amamos se
torna tão único e especial pelo tempo e pelo esforço que a ele dedicamos, mais
que tudo. Não é possível terminar a leitura sem ser tocado por ela.
O
Pequeno Príncipe é uma obra marcante, atemporal, cativante e,
acima de tudo, eternamente bela. Quem quer que a leia (seja quem for, em
qualquer fase de sua vida) ficará eternamente marcado por sua beleza. O Príncipe
cativou a raposa, e também sua rosa. E comigo não foi diferente. Na verdade,
ele nos cativou a todos. E é por esse motivo, e tantos outros, que considero O Pequeno Príncipe o melhor livro já escrito.
Nota: ✩✩✩✩✩
Sem dúvidas uma ótima resenha sobre o livro.
ResponderExcluirO melhor de tudo é que em diferentes momentos da vida, nós nos deparamos com parágrafos que antes tinham passado batido. Li quando criança e passei a ler todos os anos e a cada ano eu descobria algo novo, essas surpresas existem até hoje e com certeza ainda vão aparecer ao longo da minha vida.
O livro sem dúvidas é um ótimo conselheiro
Obrigado! Também considero o livro um ótimo conselheiro, e pretendo lê-lo muitas vezes ainda.
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