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8 de julho de 2016

O menino no espelho (Fernando Sabino, 1982)

Um bom livro não precisa necessariamente ter uma escrita rebuscada (como O Retrato de Dorian Gray) ou um drama profundo e socialmente relevante (como O Sol é para Todos). O que torna uma obra digna de ser classificada como “boa” (e, principalmente, memorável) é sua capacidade de nos marcar com suas histórias, seus personagens e sua narrativa. O menino no espelho (Fernando Sabino, 1982) é um livro que possui tudo isso, e ainda tem a cativante característica de ser adoravelmente simples.

O autor, Fernando, nos leva a conhecer histórias de sua vida, contadas pelo homem adulto, mas com olhos de criança, com fortes traços de fantasia e imaginação. Morando em Belo Horizonte/MG, ele, junto de seus amigos e familiares, vive histórias típicas do universo de uma criança, passando pelo fantástico, atravessando o mágico, sem, contudo, nunca perder o gentil e simpático jeito de criança.


Assumo que este livro é uma das minhas paixões literárias de infância: li-o várias vezes, quando criança, tendo inclusive aprendido algumas palavras com ele (pandemônio, desventuras...). Isso, sem dúvida, influencia na minha forma de avaliá-lo. Todavia, relendo-o depois de adulto, continuo achando-o uma linda obra – por assim dizer, um bom livro nacional.

O que torna este livro, a meu ver, tão bom? Em primeiro lugar, sua belíssima narrativa em primeira pessoa (me faz lembrar o já citado O Sol é para Todos, embora não seja tão brilhante quanto este) – o autor é também o personagem principal das histórias contadas nas páginas belamente ilustradas por Carlos Scliar. Em seguida, vem os cativantes personagens, extremamente simples, mas ainda assim marcantes: o próprio Fernando, seus pais, seus irmãos, a empregada Alzira, sua amiga Mariana, o papagaio Godofredo, a galinha Fernanda... são muitos personagens, mas todos são relevantes e possuem espaço para brilhar em diversos momentos.

Por fim, as histórias. Que lindas histórias! O autor não se preocupa com a ordem cronológica nem – isso é mais que evidente – com a veracidade dos fatos. A acontecimentos de sua infância se misturam a imaginação da criança com a fantasia idealizada por um competente autor, como Fernando Sabino. Histórias sobre garotos que voam, meninos que saem do espelho, crianças que jogam futebol em times profissionais e poderes milagrosos se misturam com histórias de galinhas, casas abandonadas e valentões de escola. O que conta, aqui, é a simplicidade com que o texto é apresentado: despretensioso, com uma linguagem simples, que cria uma envolvente narrativa, nos fazendo devorar o livro do início ao fim.

O menino no espelho é um livro simples, envolvente e marcante, que nos agracia com uma narrativa direta, porém detalhada, recheada de personagens da mais amável simplicidade, que rapidamente nos conquistam. É uma excelente leitura nacional, leve, daquelas que podem ser concluídas em um único dia, e que recomendo vivamente a todos. A obra é, sem dúvidas, a prova de que um bom livro pode ser simples – basta que seja, de fato, bom.


Nota: ✩✩✩✩✩

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