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28 de novembro de 2018

[CRÍTICA] Depois de Auschwitz (Eva Schloss, 2013)


A jovem Eva, judia nascida em Viena, na Áustria do período entreguerras, vê sua vida, até então alegre e dentro da normalidade, ser completamente alterada pela ascensão do nazismo ao poder. Deportada para campos de concentração com sua família, ela passa por duras provações, tentando sobreviver aos terrores do Holocausto. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, porém, seu novo desafio se apresenta: como recomeçar sua vida do zero?

Depois de Auschwitz (Eva Schloss, 2013) conta a história de vida de sua autora, Eva (cuja vida já havia sido retratada em outras obras, não apenas literárias), uma garota judia, de origem austríaca, que, junto com sua família — seu pai Erich (Pappy), sua mãe Fritzi (Mutti) e seu irmão mais velho, Heinz, — fogem do país natal por conta da anexação da Áustria pela Alemanha Nazista. Após fugirem para Amsterdã — onde a família conhece outra família judia, os Frank, da qual a célebre Anne Frank (O diário de Anne Frank, 1947) fazia parte, — acabam sendo capturados pelos nazistas e levados para os temíveis campos de concentração, onde sentiriam, na pele, todos os horrores do Holocausto.
Apesar de ter o título “Depois de Auschwitz”, a obra se dedica bastante ao “antes” e ao “durante” Auschwitz. Isso, contudo — a meu ver — não é um problema, uma vez que o “antes” é importante para contextualizar a família de Eva, bem como a situação da Áustria no entreguerras, e o “durante” é a sempre necessária descrição a respeito dos horrores perpetrados pelos nazistas contra judeus e outros povos durante o Holocausto. É durante a permanência de Eva e sua Mutti em Birkenau (a parte “feminina” do complexo de campos de extermínio de Auschwitz) que temos os momentos mais tensos e aterradores do livro.

Já a parte da obra dedicada ao “depois” é um pouco mais amena, e me faz comparar o livro ao (excelente) filme O quarto de Jack (Lenny Abrahamson, 2015), no sentido de que a obra não apresenta apenas o drama vivido pelos personagens principais, mas também a árdua tarefa de tentar recomeçar a vida, convivendo com os fantasmas do passado e tentando dar algum rumo à suas próprias histórias. Nesse aspecto, mesmo perdendo um pouco do impacto, e trazendo algumas atitudes questionáveis de sua narradora/protagonista, o livro também se sai bem.

Um ponto fraco a ser apontado na obra são alguns saltos temporais pouco claros. Por exemplo: em determinado momento, a narrativa se desenvolve de forma a imaginarmos que os acontecimentos citados aconteceram em umas poucas semanas; o texto, porém, afirma em seguida que se passaram dois anos. Esse problema volta a se repetir em outras partes da obra. Já em outros momentos, os acontecimentos parecem não seguir uma linearidade, adiantando alguns fatos, para, trechos depois, reiniciar a história de um ponto mais antigo, sem que isso acrescente algo à narrativa — pelo contrário, a deixa até um pouco manca.

Depois de Auschwitz é um livro importante, não apenas por sua qualidade literária, mas também por ser uma obra que traz à tona um tema que jamais deve ser esquecido: o preconceito que culmina no ódio contra semelhantes humanos, levando ao cometimento das piores barbáries imagináveis. Não obstante alguns pequenos deslizes em sua composição, este é um livro que recomendo a todos, por sua relevância e por seu forte caráter histórico.

Nota: 8,2

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