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16 de junho de 2016

Gêtsemani, a verdade oculta (James Andrade, 2008)

Recebi esse livro de presente de uma ex-aluna de violão (dificilmente algum presente supera um livro com uma dedicatória na primeira folha) e, até então, não tinha ouvido falar nele nem em seu autor (um brasileiro, que aparentemente escreveu apenas essa obra). Confesso que a arte da capa me chamou muito a atenção (aquela velha questão já vista no livro O Orfanato da Srta. Peregrine paraCrianças Peculiares...), então logo mergulhei fundo na leitura de Gêtsemani, a verdade oculta (James Andrade, 2008).

Logo de início gostei do estilo da escrita: despojado, simples, objetivo, o que fazia com que a história fluísse bem. A rápida forma como as reviravoltas se apresentam, porém, exige logo do leitor uma capacidade de adaptação e causa – assumo – certo desconforto, por modificar demais o ritmo da história.

Antônio acorda em uma cama de hospital, sem se lembrar de nada do que acontecera até então. Destinado a descobrir seu passado e a desvendar os sonhos que o perseguem, ele inicia uma jornada (inicialmente acompanhado por Ângela) em busca de respostas. O que ele descobrirá, porém, é muito mais incrível do que ele poderia imaginar.


Inicialmente, a história aparenta ser simples. Porém, a dimensão da obra logo muda drasticamente, quando se percebe, com surpresa, a facilidade que o autor tem em descartar personagens carismáticos - na verdade, de uma forma que eu julguei incômoda e desproporcional. (Até arrisco a dizer que preferia a morte de certos personagens – chatos – em troca do retorno da Ângela, por exemplo). Ao fim, você tem dificuldades em vincular a escala inicial da obra com o desfecho apoteótico.

Viagens a várias regiões do mundo, entidades místicas, personagens bíblicos sob uma nova leitura – tudo isso está presente na obra. Essa releitura de personagens já conhecidos me agradou; é uma grata surpresa ver a adaptação de Malco, Lázaro e outros no século XXI. Os personagens, em geral, são bem desenvolvidos, embora alguns, que possuem bastante relevância na história, não tenham tanto carisma assim. O vilão (??) da história é um caso a parte: ele é irritante, mas me agradou, e eu gostei de como as suas várias camadas são apresentadas ao leitor. Aliás: quem é mesmo o vilão?

Gêtsemani, a verdade oculta é um livro interessante e de fácil apreciação, que faz uma boa releitura de personagens familiares e traz boas ideias. Entretanto, a execução dessas ideias nem sempre é eficiente e a obra acaba perdendo a escala inicial e se tornando estranhamente grande e pretensiosa ao final. Todavia, é uma boa leitura nacional, especialmente em se tratando do romance de estreia do autor.


Nota: ✩✩✩

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